Pelos alunos Romualdo Carvalho Jr. e Victor Baptista
Murilo Monteiro Mendes,era filho de Onofre Mendes e Eliza M. de Barros Mendes. Fez seus primeiros estudos em Juiz de Fora e depois, no Colégio Salesiano de Niterói.
Entre os anos de 1924-1929, apareceram seus primeiros poemas nas revistas modernistas, "Antropofagia" e "Verde". O poeta faz parte da chamada Segunda Geração Modernista. Seu primeiro livro, "Poemas", foi publicado em 1930, com o qual ganhou o prêmio Graça Aranha. No mesmo ano já saiu "Bumba-meu-Poeta" e, em 1933, "História do Brasil".
Até 1935, trabalhou como telegrafista e guarda-livros. Em 36 passou a exercer a função de Inspetor do Ensino Secundário do Distrito Federal e, dez anos mais tarde, assumiu o cargo de escrivão da 4ª Vara de Família do DF (então no Rio de Janeiro). Em 1947, casou-se com Maria da Saudade Cortesão, mas não tiveram filhos.
Escritor fértil, com publicações freqüentes: "A Poesia em Pânico" (1937); "O Visionário" (1941); "As Metamorfoses" (1944); "Mundo Enigma" e "O Discípulo de Emaús" (1945); "Poesia Liberdade" (1947); "Janela do Caos" (1949), na França, numa edição especial com litografias de Francis Picabia; "Contemplação de Ouro Preto" (1954);
Mudou-se para a Itália, em 1957, onde se tornou professor de Cultura Brasileira na Universidade de Roma e, depois, na Universidade de Pisa. A partir dessa época, sua poesia começou a ser traduzida e publicada na Itália, Espanha e também em Portugal.
Em 1968, saiu: "A Idade do Serrote", poemas memorialistas. Dois anos mais tarde, "Convergência". Em 1972, recebeu o prêmio internacional de poesia Etna-Taormina e publicou "Poliedro", No mesmo ano, veio ao Brasil pela última vez. Em 1973, saiu "Retratos-relâmpago".
Murilo Mendes, tem uma obra abundante, mas sem perder a qualidade, pois também é fascinante. Com imensa liberdade criadora e lírica, arrisca-se até no surrealismo. Começou pelo humor da poesia modernista, passando pelo catolicismo, o misticismo, o onírico e mesmo o insólito, sempre mantendo a plasticidade imagética. Até atingir uma objetividade que beira os fatos históricos, visto que apresenta paisagens carregadas de estilhaços e fragmentos da história. Sendo surrealista, precisa ser recomposto pelo leitor, para enfim, sem compreendido e querido.
Poema Canção do exílio
Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam gaturamos de Veneza.
Os poetas da minha terra
são pretos que vivem em torres de ametista,
os sargentos do exército são monistas, cubistas,
os filósofos são polacos vendendo a prestações.
A gente não pode dormir
com os oradores e os pernilongos.
Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda.
Eu morro sufocado
em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas
nossas frutas mais gostosas
mas custam cem mil réis a dúzia.
Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade
e ouvir um sabiá con certidão de idade!
(Murilo Mendes)
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